sábado, 22 de agosto de 2009

Que tal produzir tinta e pincel na aula de Arte?

O ato de fabricar ferramentas é, por si só, conteúdo curricular



É preciso ter em mente que a fabricação de pincéis e tintas não é mera preparação para a aula. A atividade já é um conteúdo, pois o aspecto final da obra depende diretamente da forma e da qualidade das ferramentas. Você pode e deve pontuar o processo com questões relativas ao produto final: que tipo de pincelada o pelo escolhido para o pincel vai produzir? O que acontece se eu usar mais ou menos pigmento na tinta?



"Esse tipo de indagação estética faz todo sentido, pois a ferramenta é um artefato com forma e função. A fabricação não deve ser entendida como uma linha de produção, mas como um processo de desenvolvimento de estratégias artísticas pessoais", explica Marisa. A turma de 4º ano da EM Deputado José Carlos Vaz de Miranda, em Vassouras, a 89 quilômetros do Rio de Janeiro, percebeu isso na prática. Entre a diversidade de pincéis criados - com mato, pedaços de flores ou enfeites de durex colorido -, uma das crianças escolheu um modelo com folhas de árvore bem grandes e surpreendeu-se com o efeito. "Ela notou que bastava uma pincelada para cobrir uma folha inteira de papel. Por isso, acabou precisando encontrar um suporte maior para pintar", conta a professora Solange Maria da Silva Guimarães.


Instrumentos prontos, chega a hora de utilizá-los para as pinturas, sempre no plural. É que, como explica Mirian, um projeto de Arte não visa gerar apenas uma produção, mas uma série que traduza as intenções de cada criança. "Ocorre o mesmo com os artistas. Para pintar Guernica, Pablo Picasso (1881-1973) fez uma série de esboços, que, além de servir de base para o quadro, são tão importantes que foram considerados obras acabadas, inspirando outras criações do artista", afirma. Propor uma série de pinturas para amadurecer a produção



ARCO-ÍRIS EM SALA

Ao misturar areia com pigmentos coloridos, os alunos criam cores para pintar.





O tema dessa série de produções é bastante variável. "Pode ser livre, de observação, de imaginação. O que será feito com os materiais é um novo conteúdo e estimulará o debate sobre o que essa ferramenta pode ajudar a produzir. É ainda uma boa hora para testar suportes diferentes para a pintura, como mesa, parede e chão", diz Marisa. A professora Silvanete optou pelo tema livre, do qual saíram cores, texturas e formas surpreendentes. Já Solange escolheu o desenho de observação de árvores do pátio da escola - isso depois de apresentar referências variadas, das que foram pintadas pelos índios ticunas às do impressionista Oscar-Claude Monet (1840-1926). Em todos os casos, o resultado é sempre diverso daquele em que são usados materiais convencionais, pois introduz não apenas ferramentas diferentes mas também novos jeitos de pintar e pensar a Arte.


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